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Hoje é o dia do amor! ❤️
Sentimento que merece ser partilhado, no seu estado mais puro e e é com ele que criamos conexão.
Como acredito que nada acontece por acaso, no dia do amor sai o podcast "Pessoas como nós" com esta emissão tão especial para mim.
Obrigada, Irina Golovanova pelo convite, pela partilha de experiências, pelo que aprendi consigo nesta entrevista.
A maior aprendizagem surge como menos esperamos. A minha, e a de todos cá em casa, veio com o Alzheimer.
Ouçam, vale muito a pena!
Website: https://www.thebodylanguageacademy.com/pessoas/tpost/7uki5l7g21-patrcia-fragoso
SoundCloud: https://soundcloud.com/user-87043051/23-alzheimer-e-a-doenca-da-paciencia-e-do-amor-com-patricia-fragoso?si=82a1faf3192d421ea1b44340c9b0de8b&utm_source=clipboard&utm_medium=text&utm_campaign=social_sharing
Apple: https://podcasts.apple.com/pt/podcast/pessoas-como-n%C3%B3s/id1541768074?i=1000599453114
Spotify: https://open.spotify.com/episode/7KVsAjqTxVdpOH7MJ3MvJM?si=CKqYlSB0TtOew8TpDvFBXw
O relógio parou de contar. Os segundos já não são mais segundos e nem foram colocados em primeiro quando deveriam ter sido. Hoje é tarde. Nem sei se devo falar de espaço temporal. Já não me acho normal.
Estarei louca ou receosa de libertação, de uma negativa aceitação?
A vós, que ainda se encontram no mundo dos normais, embora mortais, façam o favor de me esclarecer, de me elucidar!
Tragam-me de volta à realidade e expliquem-me como hei de colocar o relógio a funcionar!
Ajudem-me a transformar! Agora que eu preciso que o tempo volte a andar, mas ele não conta, e que eu tenho a plena noção de estar a ficar sem norte, à minha sorte, tenho duas opções previsíveis: desistir ou acordar desta sensação de coma.
Ultimamente tem feito frio, as noites são geladas e as extremidades teimam em não querer aquecer. Estamos no pico do Verão, tal como quando te conheci. Desde que partiste que as estações são todas iguais. Que raio de clima este! Os dias cheiram-me a Inverno.
Ainda não me consegui habituar a esta nova sensação de perda, mesmo que contigo tenha passado toda a parte do tempo a perder-me.
Rendi a minha alma, o meu corpo, rendi aquilo que aos olhos do amor é chamado de coração. Não me arrependo de me ter perdido inteira, pois não haveria outra maneira de me conseguir somar.
Escuta, tu que ainda me ouves e não precisas de falar, ainda te vou ouvir novamente com essa voz que trazias, doce... aqui, na terra dos fisicamente vivos, ficou escrita a nossa história, tão bela a nossa história.
Fiz cumprir todas as juras, puras, sem esforço e eu sei que os ganhos foram consequências das minhas perdas, benditas. Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte “não nos separe”.
Temi mais a tua dor do que a tua partida, porque não foi uma despedida, tu só estavas cansado de respirar. Que nunca se canse o nosso amor, que jamais lhe falte o ar!
Pode demorar, mas a saudade vai passar quando nos reavermos noutra existência.
A ti, que vieste ao mundo em forma humana, preencheste da maneira exata o meu coração e continuas, seja em que espécie de vida for, a ser o único a quem hei de chamar de amor.
Até já!
Ainda ouço os passos no corredor. Bem lá ao fundo, mas eu ouço os passos. O chão é de madeira e a casa, embora velha, sofreu obras. Onde está o meu dinheiro?
É sina do empreiteiro.
Porque é que eu continuo a ouvir os passos? Eu pedi que acabassem com os passos! O dinheiro foi, mas os passos não. Também fiz limpezas e nada resulta!
Já não suporto este barulho e quase que aposto que é de propósito.
Eu sei que os passos que sozinha dei não me levaram a lugar algum. Há caminhos a percorrer que só fazem sentido em conjunto. Tentámos, mas não conseguimos resolver o assunto e hoje, o nosso destino já vai longe e tu continuas a tentar, apesar de não conseguires até mim chegar.
Conta-me, porque é que insistes em manter-te na minha casa a passear?
Tento agora a desinfestação ou avanço eu para o próximo passo?
Já faz tempo que não me lembrava o que era esquecer os ponteiros do relógio, perdi a noção, mas certamente que já bateu a hora em que deveríamos estar a descansar.
Chegou a altura de te confessar, posso sussurrar-te ao ouvido? Deixa-me fazê-lo tão lentamente tal como me tens despido só com o olhar.
Já me começo a sentir nua, mas tão à vontade, como se o tivéssemos feito vezes sem conta.
Quase sem eu te falar de mim tu consegues adivinhar, passando os teus lábios molhados e aumentando a sensação, quando minutos antes colaste a tua à minha mão.
E eu sem saber se estou louca ou a agir carnalmente... Ahhhh, deixemo-nos de pensamentos agora, quero que me consumas e ainda há pouco te disse que já passa da hora. Sinto-me descoberta, apesar de todo este escuro. O espaço é pouco e a temperatura começa a não facilitar, o que dirá o futuro eu não sei, mas o meu corpo já está colado ao teu e não há mais como parar.
(...)
Demos o nosso melhor, perante todas as limitações, eu certifiquei-me não gritar em momentos de maiores tensões, porque lá fora não deixou de existir vida, embora o carro pareça estar num mundo à parte. Promete que não foi a única noite em que experimentámos este estado de arte.
E, de repente, já não sei em que parte estamos neste carrossel. Quando chegar a casa, vai ser difícil adormecer, a tentar recordar-me o que queria sussurrar-te ao ouvido e acabou por não acontecer.
“Para a próxima eu não me esqueço.”
Vou viciar-me facilmente em ti, mas surge por aí que o único vício bom é o amor. Não vamos tardar em fazê-lo.
Tu falhaste! Tínhamos um acordo e tu falhaste!
Em nenhuma cláusula estava explícito que serias provisória.
Quis aconselhar-me com a vida e cheguei à conclusão de que por ela própria me deixei ser enganada. Aquela que era a minha advogada fez com que eu abrisse mão de ti.
De repente a vida vira-nos do avesso.
Sabes o que é pior? É que eu não sei se isto faz com que haja rescisão.
Nunca fui muito entendida em leis.
Desconhecia também o facto de que agregada a ti vinha o medo.
Esse sacana que me levou a esperança. Por sua causa não sei sequer se vou voltar a querer firmar outra espécie de vínculo contigo. Sabes... até naquelas que se chamam prisões, as de verdade, existe uma data, um dia certo em que tu sabes que a partir dali, vais ser livre.
Connosco foi diferente.
Quando assumi ter um compromisso sério contigo, eu não esperava que fosse este o desfecho.
Traíste-me. Certamente que a culpa não foi só tua e eu fiz algo ruim para teres agido desta forma.
Agora só me resta o medo. O medo de não conseguir mais ser livre por fora, o medo que me impede de ser livre por dentro. O medo.
É tudo tão recente e tanto que eu já sinto a tua falta, Liberdade.
Penso, sim, claro que penso. Ainda me invades as noites quando quero tentar adormecer. Não é fácil o adormecimento.
Aprendi contigo que o teu silêncio não é sinónimo de esquecimento e que a tua ausência vai ser sempre casa da tua saudade.
Estou inundada em culpa e talvez seja por isso que me cobras. Irónico o sentido desta frase, quando eras tu que achavas que eu o fazia contigo.
Cortei os nós. Tive de o fazer. Fi-lo, provavelmente não da forma mais correta e, pela primeira vez, fui egoísta. (Não fui vingança.)
Nunca me levaste muito a sério e pensaste que eu queria o caminho mais fácil das coisas. Acredita que esta foi a maior prova que te podia dar de que isso não se transparece no real.
Naquele que era o nosso presente, já nem havia espaço para um futuro. Fomos um pretérito imperfeito, com objetivos diferentes, deduzia-te um pouco imaturo e eu cresci. Eu acho que cresci.
O que eu queria já não era o que tu querias, aquilo em que eu acreditava era sempre aquilo em que tu colocavas defeitos, mas isso não significa que tu estivesses errado.
Agora somos polos opostos.
Não és o lado mau, não és o assombro que há quem te queira fazer parecer. Eu lutei para que tivesses noção de que a vida não é apenas ser, sem mais nada.
A vida não tem intervalos e tu vais ter de penar muito para reaprender a viver.
Hoje podes estar a morrer por dentro, mas tenta tu adormecer, porque amanhã será melhor o recomeço.
Pareço-te fria, sem qualquer espécie de coração. Gostei de ti constantemente mas, para começar a gostar mais de mim, tive de aprender comigo própria a dizer-te que não.
Olá a todos!
Esta conversa estava guardada há algum tempo.
Que a ouçam com atenção, tal como eu a ouço vezes e vezes sem conta. Sem cansar.
Um beijinho meu e da Avó Né
Esta noite, tu lembraste-te de aparecer e eu confesso que não estava à tua espera. Era sempre eu a ir ao teu encontro.
Foram poucas as palavras. Disseste algo entre dentes e, nitidamente, não percebi.
Apareceste, mas continuo sem entender o que vieste cá fazer.
Hoje, tenho a certeza de que nunca te soube ler como és.
Desapareceste rapidamente e, mesmo assim, eu fui atrás, mais uma vez. Persegui as nossas ligações, as nossas memórias. Persegui-te adormecida, sem te conseguir alcançar.
Eu sonhei contigo?
Creio que ainda sinto a tua falta, não vou mentir. Queria que estivesses aqui, agora.
Que puta de dependência a minha.
É este o preço que tenho a pagar por ter esperado demais da vida real.
É verdade que isto do arroz tem muito mais do que se lhe diga. Até que ele se digne a chegar ao prato de alguém, já deu muitas voltas. Passa ele por um processo de transformação, designado por beneficiamento do arroz.
É aqui que se aumenta a durabilidade do grão e reduz o tempo de cozedura.
Depois, lá surge o arroz cateto, arbóreo, selvagem, negro, carolino, basmati, vaporizado, thai, bomba, enfim... há arroz para todos os gostos.
Das feiras e compras a granel, a mercearias e hipermercados, lá está ele à espera de ser cozinhado, pronto para pratos chiques e menos chiques, pratos da gente fina e pratos da plebe, por aí.
Mesmo que o arroz, na verdade, não saiba a nada. Porque não me venham com histórias de que o arroz simples é bom. O tempero e a mão são o que lhe dão gosto.
Não esquecendo que surgem receitas milagrosas para quem quer perder uns quilinhos, comendo arroz. Porquê? Porque é rico em nutrientes e fibras, porque dá uma certa força para emagrecer, não se sente fraqueza e também não se passa fome.
O que muita gente se esquece no meio disto tudo é que nem todo temos de gostar de arroz.
Nem todos temos de seguir certo padrão que nos é imposto desde cedo, desde quando começamos a introduzir os alimentos que não o leite em pó ou da maminha da mãe, quando nem a sociedade tem esse chamado padrão.
E depois, claro, quando crescemos e não gostamos de arroz já somos mal interpretados, somos categorizados como se isso nos definisse, até mesmo por aqueles que não sabem cozinhar o “bendito” arroz.
Por favor, que não me falem de dietas esses que as fazem, quando a única coisa que me podiam argumentar já foi engolida. Arroz.
Ainda há outra coisa que não consigo perceber e se alguém souber que me explique. Porque é que atiram arroz aos noivos em sinal de fertilidade? Por acaso sabem se eles querem cozinhar para os filhos ou até se querem ter filhos?
Sim, mais um padrão da sociedade. Ah, e infertilidade não significa impotência!
Que aprendam todos a respeitar as dietas e gostos de cada um e não me impinjam arroz ao pequeno-almoço, ao almoço,até no raio da ceia, está bem?
Já estou cheia e acreditem que não foi de arroz!
Quanto à minha dieta, sei lá, também eu já a comi!
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