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Sinto-me doente. Julgo que ninguém mo disse, mas eu sei que estou doente. É premonição!
E não, não é sem nexo que o digo. Agora estou lúcida, num estado pleno, contudo só agora, pois daqui a uma hora não sei o que será de mim. Deixa-me contar-te, antes que se faça tarde, antes que o sol se ponha e não consiga sequer raciocinar.
A noite dá cabo de mim, a noite que devia ser apenas a noite, é escura e traz com ela o vazio. A ignorância também é uma doença e amanhã, logo pela alvorada, estarei um bocadinho mais ignorante e o pior é que eu vou saber disso, mas só de manhã. Está a dar comigo em louca esta sensação de desconhecimento. Cérebro, o que te aconteceu? O que te levou de mim? O tempo? O coração?
Já nem sei tomar decisões, perdi o controlo da minha própria existência e estou acorrentada a este corpo e mente doente.
Talvez esta seja a minha paga do passado, pelos meus lapsos, por ter deixado alguém de lado, mas não me peças que me lembre! Quanto mais tempo perco ao tentar recordar-me, mais tarde fica. Ahhhh e eu nem quero comprimidos, químicos que me matam mais rapidamente do que o sol se põe. A doença do pôr do sol que me afeta todo o dia. Há uma coisa que me inquieta, que mexe comigo enquanto estou sã, é que os sujeitos dão opiniões sobre isto e eu não me recordo de ter pedido o que quer que seja. Alguém me traga o consciente de volta, e isso sim, eu estou a pedir!
Possivelmente tenha a cura: trocar o meu nome para “Alzheimer” e esperar pela noite para que todos me esqueçam.
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