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Esta noite, tu lembraste-te de aparecer e eu confesso que não estava à tua espera. Era sempre eu a ir ao teu encontro.
Foram poucas as palavras. Disseste algo entre dentes e, nitidamente, não percebi.
Apareceste, mas continuo sem entender o que vieste cá fazer.
Hoje, tenho a certeza de que nunca te soube ler como és.
Desapareceste rapidamente e, mesmo assim, eu fui atrás, mais uma vez. Persegui as nossas ligações, as nossas memórias. Persegui-te adormecida, sem te conseguir alcançar.
Eu sonhei contigo?
Creio que ainda sinto a tua falta, não vou mentir. Queria que estivesses aqui, agora.
Que puta de dependência a minha.
É este o preço que tenho a pagar por ter esperado demais da vida real.
É verdade que isto do arroz tem muito mais do que se lhe diga. Até que ele se digne a chegar ao prato de alguém, já deu muitas voltas. Passa ele por um processo de transformação, designado por beneficiamento do arroz.
É aqui que se aumenta a durabilidade do grão e reduz o tempo de cozedura.
Depois, lá surge o arroz cateto, arbóreo, selvagem, negro, carolino, basmati, vaporizado, thai, bomba, enfim... há arroz para todos os gostos.
Das feiras e compras a granel, a mercearias e hipermercados, lá está ele à espera de ser cozinhado, pronto para pratos chiques e menos chiques, pratos da gente fina e pratos da plebe, por aí.
Mesmo que o arroz, na verdade, não saiba a nada. Porque não me venham com histórias de que o arroz simples é bom. O tempero e a mão são o que lhe dão gosto.
Não esquecendo que surgem receitas milagrosas para quem quer perder uns quilinhos, comendo arroz. Porquê? Porque é rico em nutrientes e fibras, porque dá uma certa força para emagrecer, não se sente fraqueza e também não se passa fome.
O que muita gente se esquece no meio disto tudo é que nem todo temos de gostar de arroz.
Nem todos temos de seguir certo padrão que nos é imposto desde cedo, desde quando começamos a introduzir os alimentos que não o leite em pó ou da maminha da mãe, quando nem a sociedade tem esse chamado padrão.
E depois, claro, quando crescemos e não gostamos de arroz já somos mal interpretados, somos categorizados como se isso nos definisse, até mesmo por aqueles que não sabem cozinhar o “bendito” arroz.
Por favor, que não me falem de dietas esses que as fazem, quando a única coisa que me podiam argumentar já foi engolida. Arroz.
Ainda há outra coisa que não consigo perceber e se alguém souber que me explique. Porque é que atiram arroz aos noivos em sinal de fertilidade? Por acaso sabem se eles querem cozinhar para os filhos ou até se querem ter filhos?
Sim, mais um padrão da sociedade. Ah, e infertilidade não significa impotência!
Que aprendam todos a respeitar as dietas e gostos de cada um e não me impinjam arroz ao pequeno-almoço, ao almoço,até no raio da ceia, está bem?
Já estou cheia e acreditem que não foi de arroz!
Quanto à minha dieta, sei lá, também eu já a comi!
Sabem o meu nome, a minha idade, os locais que frequento, com quem já não me dou e afirmam que me conhecem.
Sabem que sou louca porque falo sozinha na rua.
Sabem que sou egoísta porque quero o melhor pastel de nata do café.
Sabem que sou rude porque não sorrio a qualquer um.
Sabem que sou solitária porque não tive descendentes.
Sabem que sou vazia, sem interesse e não sabem bem porquê.
Um dia, hei de ganhar coragem e falar com eles para que também eu possa saber um pouco mais sobre mim.
Ainda não estou preparada, tenho receio de me conhecer pela boca do mundo.
Tendem a ver-me como eles próprios são, não como eu realmente sou, porque não se deram ao propósito de me conhecer.
Assim se vai perdendo o tempo, assente nessa realidade nula.
Ela foi sendo empurrada pela escravidão moderna, pelos rostos afáveis, pelas frases floreadas envoltas em correntes que prendem as mentes mais sãs às irrealidades da vida.
Até que vai passando Abril e, já no fim, surge a lágrima.
Mais uma para juntar às águas mil.
Declara-se um mês chuvoso. Vai transbordando o alguidar.
Sentenciam que é desgosto, mas não passa de cansaço.
Cansaço daquilo que não sucede. Cansaço da sua própria falta de atitude.
Que comece a revolução!
Hoje acordei com a sensação de estar solteiro, completamente divorciado da realidade.
Estranho não saber se a verdade talvez só tenha um nome – passado – e se a realidade pela qual desfilo agora, apenas cheira a ficção. Científica ou não, distinguir o real do irreal nunca outrora tinha sido tão complicado.
Neste espaço fechado, onde só se ouve a água a correr, sinto uma calma extrema, um sinal de virilidade estonteante. Água é vida, dizem. Só assim me sinto realmente vivo, ouvindo a água a correr.
Será este o significado da palavra liberdade? Se assim for, confesso que me sinto livre.
Fechei a água, já corria há muito tempo e vida não se pode desperdiçar.
Esta roupa talvez seja adequada, o tempo está meio incerto e a manga comprida é necessária. As calças de bombazine fazem parte da minha imagem de marca e sapatos clássicos com brilho, embora digam que possa não combinar, fazem com que me sinta especial.
Foi o meu avô que me ofereceu, mas os lá de fora não sabem e eu também faço questão de não contar. Mas... não sei onde pôr os pés, o chão sabe a hora de contágio e não quero expor a isso os meus sapatos.
Já não os exponho a ninguém. Já não conto nada a ninguém. Já não dirijo a palavra a ninguém. Já ninguém sabe como sou por dentro. Já ninguém me conhece porque não me dou a conhecer. Estou sozinho, embora tenha vida.
Já não canto, já não danço, já não converso, já não me interesso, já não me sinto. Minto!
Tinha considerado em sair de casa agora, mas não me posso cruzar com aquilo que está no exterior.
Volto a despir-me. Já ouço a torneira a correr.
Por ti dei tudo o que podia
E findou por ficar na melancolia.
Se desta for um “adeus”, não me voltes a dizer “olá”
Porque não sabes, nem sentes a mossa que isto me faz por cá.
Tornei-me numa personagem que nunca quis ser
Fiz de fantoche, mimo, boneco de trapos e tudo sem querer.
Dizias que por ela estava louco,
Que não saía deste sufoco
E não percebias o que estava a sentir,
Quando eu sei que no fundo, era só uma desculpa
Porque o teu melhor passatempo era baseado na palavra “mentir”.
Talvez mais tarde entendas o que me foi na alma,
Dizem que o tempo tudo leva, tudo acalma,
E por ela vou fingindo estar apaixonado.
Fico longe daqui, já que contigo não chegava a ir a qualquer lado.
Não bebo para festejar, acredita
E espero que a história não se repita
Porque me sinto completamente acorrentado.
Talvez daqui a uns anos, quando tiveres tu outros planos,
Acabes por entender
Que o tempo que me restava, era com ela que passava
Na esperança de te conseguir esquecer.
Agora, à beira do abismo,
Entrego a minha alma ao além,
Estou a suavizar com este eufemismo,
Mas dou-te um conselho:
Nunca te apaixones por ninguém!
Fiquei acabado e interdito ao amor
Com as lágrimas que derramo com a ajuda deste álcool em estado puro,
Que é o mais próximo que tenho do teu calor.
Fica na tua consciência plena
Se achas que os anos passados foram os corretos,
Errei vezes sem conta, mas foram os meus prediletos.
Elogiava a pessoa perfeita que criei na minha cabeça
Já te desejei muito mal, mas prevejo que isso não te aconteça.
Vou ficando por aqui, a agarrar na próxima litrosa.
Sabes onde paro, onde estou,
Não vou mais à tua porta para dar show,
Nem me venhas procurar, toda chorosa.
Odeio-te, porque a tua carência é tão intensa como a tua presença.
Olá!
Tenho andado com alguma falta de tempo, o que acaba por negligenciar um pouco esta parte (que tanto gosto e me faz bem).
Não pensem que me tenho esquecido do blog!
Por falar em esquecimento, nada melhor do que mais uma sessão de "Conversas D'Avó Né".
Espero que gostem dela, tanto quanto eu!
Um beijo!
Estou há horas neste espaço, já conversei com tanta gente, já bebi o meu copo de vinho. Todos devem estar com roupa aparentemente cara, e certamente que estão a condizer com este salão enorme e bem decorado. Ouço risos, está tudo feliz, alguns embriagados, outros disfarçando a sua sobriedade com o barulho das luzes.
O sufoco das luzes, a cor das luzes enraizada num espetro que se resume a negro, na minha mente.
Uma vida monocromática, onde há dias claros e dias escuros, onde há dias em que o claro quase que se mistura com o escuro, mas mesmo assim o cinzento não quer aparecer.
Onde estão os candeeiros desta sala?
Eu juro que não bebi mais nada a não ser este copo de vinho! E nem este vinho eu sei de que cor é ...
Alguém me diz onde está o interruptor? Só vejo o vazio.
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